domingo, 10 de abril de 2011

Pedro Santos da Lua Sorongo dos Santos



Pedro Santos (Pedro Sorongo) - 1968 - Krishnanda
http://www.mediafire.com/?ez4ywqoz2n0


Faixas:
01. Ritual Negro
02. Água Viva
03. Um Só
04. Sem Sombra
05. Savana
06. Advertência
07. Quem Sou Eu?
08. Flor de Lótus
09. Dentro da Selva
10. Desengano da Visita
11. Dual
12. Aranbindu

"...Aquele que na palavra entender, no nome não se prender, pode ver bem quem eu sou. Mas quem no pé da letra cair, do nome não vai sair, porque no nome não estou.."

Outros discos:

Sebastião Tapajós e Pedro dos Santos
http://umquetenha.org/uqt/?cat=2250

Acompanhando Zé Bodega - Um Sax no Samba (1961)
http://rapidshare.com/#!download|778dt|271497688|ze_bodega.zip|47579

Tião Motorista - Meu Interior (1977)
http://www.mediafire.com/?3gg7aub37tb9mlr

Dom Salvador e Abolição - Som, Sangue e Raça
http://www.4shared.com/file/30212683/508962a6/Dom_Salvador_e_Abolio_-_Som_sangue_e_raa_-_71.html

Composições Editadas e Gravadas
http://pedrosorongo.blogspot.com/p/composicoes.html

Discografia
http://pedrosorongo.blogspot.com/p/discografia.html


Apesar das evidentes qualidades de Krishnanda, a sensação que surge inicialmente é o espanto em saber que um disco como esses existe na história da música popular brasileira. É curioso que o disco não tenha nem mesmo menção na história dos discos malditos obscuros, como o disco tropicalista de Rogério Duprat ou o Paêbirú de Zé Ramalho e Lula Côrtes. Maior surpresa ainda: trata-se de um disco de 1968, incorporando samba, arranjos indianos carregados no expressionismo e África, além de contar com sons vindos de novos instrumentos e barulhos de natureza, como água e cantos de animais silvestres. Fosse um disco de meados dos anos 70, poderíamos traçar as influências: as misturas vêm da tropicália, os “sons de natureza” são inspirados em O Milagre dos Peixes de Milton Nascimento, o experimentalismo fragmentário vem do Caetano de Araçá Azul e dos discos de Walter Franco. Mas 1968 coloca Krishnanda como simultâneo dos primeiros e precursor dos outros: trata-se não somente de um OVNI enterrado nas camadas subterrâneas de nossa história, mas também de um trabalho que aponta para problemáticas musicais que viriam a aflorar nos anos seguintes.

Mas que fique claro que não é apenas um jogo de descoberta e fetiche pelo obscuro. O principal é o imprevisível, sim, mas também enorme talento em criar melodias, em criar bases percussivas e em especial em criar uma espécie de conjunto místico/religioso que encompassa organicamente geografias (Ásia, África e América) e culturas (religião hindu, panafricanismo) totalmente distintas. O que convence, em todo caso, é menos o conjunto – não é um disco que prima pela coesão – do que os lampejos brutos de inspiração: a melodia instrumental de “Ritual Negro” que abre o disco, a esquisitice proto-Tom Zé do riff de teclado (?) de “Quem Sou Eu?”, os agudos evocativos de “Flor de Lótus” e “Sem Sombra”, os trunfos de composição de canção que são “Água Viva” e “Desengano da Vista”. Por momentos, no entanto, o disco se instala num limiar meio perigoso entre pesquisa de timbres e easy listening, como testemunham as duas últimas faixas, “Dual” e “Aranbindu”, que são longe de essenciais. “Savana” e “Advertência” são peças climáticas e interessantes, mas a proximidade uma da outra acaba atrapalhando um pouco a fluência do disco, que não se comportará tão solenemente assim até o fim. Mas esses são apenas pecadilhos diante de um trabalho tão vigoroso e singular na música brasileira como é esse Krishnanda, que merece o quanto antes ganhar o reconhecimento devido.

Texto de Ruy Gardnier



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