domingo, 4 de março de 2012

Paulo André Barata - Nativo (1978)



A Música Popular Brasileira tem o direito de se fazer ouvir.
Evoco assim Ruy Barata, um dos grandes poetas brasileiros
( http://pt.wikipedia.org/wiki/Rui_Barata ). Vida longa a sua obra!


http://www.youtube.com/watch?v=356dVvVbnC4


Texto do verso do disco
Os sons e as vozes da Amazônia estão, finalmente, desembarcando alegres nos portos musicais de todo o Brasil. Eles não falam da seca, de miséria, mas trazem o encanto mágico do verde e do cheiro de mato, numa fascinante mistura que expressa a linguagem do índio e do caboclo. É a mostra de uma música pura, cristalina e diferente, malgrado a absorção de tantos ritmos de outras regiões próximas, porém de mesmas matizes e raízes, os quais, devidamente filtrados, tornam-se filhos legítimos do cancioneiro amazônico.
Pena que o carimbó, cadência genuinamente nossa, não tenha sido ainda convenientemente explorado nas suas verdadeiras bases. Bastaria que todos dissessem sob o lirismo inocente de nosso caboclo, como bem traduz Ruy Barata em "Este Rio é minha Rua", para que se chegasse a uma verdadeira mina musical do interior amazônico. Mas isso é uma outra história e o importante é essa abertura à Fafá de Belém, que teve o mérito de desamarrar o laço e dar liberdade aos compositores, músicos e cantores até então limitados ao próprio meio.
"Este Rio é minha rua" é um carimbó autêntico, mas com roupagens capazes de agradar a todos, revelando o talento, que, entre nós era conhecido e festejado, de Ruy Barata e Paulo André, pai e filho que se amam, que se compreendem e se completam, Depois vieram "Indauê Tupan", "Pauapixuna", recentemente "Baiuca's Bar". Eles sempre cantaram e versejaram pensando em Amazônia, falando em Amazônia. Tudo isso antes mesmo da imediata consagração de Fafá de Belém.
Agora Paulo André é chamado também a cantar, vencendo os grilhões de sua timidez tapuia (os Barata adoram ser chamados de tapuios). Hoje, a história é diferente. Ruy e Paulo não são mais os compositores das rodas de amigos das noites enluaradas e boêmias de Belém. São nomes respeitados e aplaudidos no Brasil inteiro, tendo muito a mostrar de sua música inteiramente nossas, da qual eles fazem questão e fechada de não se afastar.
Neste disco de estréia como cantor, Paulo André rende seu tributo de amor à Amazônia, em enfoques diferentes. Há cenas rurais, há cenas urbanas. Há cantos nativos enraizados com cheiro a preamar, com aroma de várzeas, com odor dos jasmins e belas da noite. Há versos que dizem de uma saudade tapajônica, e que estão molhadas do sereno de uma ternura muito amazônica.
Não poderia ser de outra maneira. Paulo André Barata é uma voz puramente nossa por todo o Brasil.

Edgar Augusto Proença - Belém, agosto de 1978

http://www.mediafire.com/?xzq111oc681ux

Nenhum comentário:

Postar um comentário